Era um onda pequena, mas com um mar de possibilidades.
Ninguém soube exatamente onde ela nasceu, talvez nem tenham perguntado. Viajava milhas em silêncio, constante vagar numa direção. A força não vinha de si própria, era algo maior, um mar de dúvidas e inquietações, mas que no momento pouco a afetavam.
Ninguém sabia exatamente onde ela ia. Continuava a seguir, rumo bordejante, deslizando entre chão e céu. Viu ilhas bem ao longe, navios e pássaros a sobrevoar. Viu bem fundo e lá no alto, muita coisa a se explicar. Mas nunca parou. Embalo líquido. E em toda a trajetória, de nada também se apossou. Chegou límpida, clara como a própria água.
A onda quebrou e não deixou vestígios. Ninguém fotografou. A onda quebrou e fez silêncio, acabou num sopro, o vento terral foi o último a lhe tocar. No tempo exato de vir e ir. Foi-se a onda e ficou o mar.
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